Hotéis e pousadas aprimoram serviço em Visconde de Mauá, no Rio


Inverno aumenta número de visitantes na região serrana.
Turismo é responsável por 54% dos empregos diretos da região.



O inverno leva muita gente para as regiões serranas do país. Uma das mais visitadas é Visconde de Mauá, no estado do Rio de Janeiro, por exemplo. Para atender aos turistas, hotéis e pousadas participam de projetos de capacitação para melhorar os serviços e aumentar a clientela.

Três cidades muito próximas formam a famosa região de Visconde de Mauá. De um lado, Resende e Itatiaia, no Rio de Janeiro. Do outro, Bocaina de Minas, em Minas Gerais. É um dos mais belos destinos turísticos do Brasil. O cenário lembra os bons destinos europeus e atrai cada vez mais gente.

As montanhas e os rios, a enorme variedade de flores, o charme dos chalés, o comércio diversificado. O turismo já é responsável por 54% dos empregos diretos da região. Nos 600 empreendimentos trabalham 3 mil pessoas.

Em um fim de semana de inverno, 5 mil pessoas vêm curtir esse friozinho. E nem a chuva espanta os turistas. Porque dentro das 150 pousadas há muitas opções para quem deseja se divertir ou apenas descansar. É assim na pousada de Norma Bühler, fundada pelo avô dela em 1922.

A pousada tem 21 chalés. Alguns podem hospedar famílias de até seis pessoas. A empresa participa do projeto de turismo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que ensina como promover e profissionalizar o negócio. “O projeto de turismo, ele visa fortalecer as associações associativas. A economia do turismo. A gente está numa região considerada prioritária, com uma densidade grande de empreendimentos de microempresas nessa área e que já recebe um volume grande de turismo”, afirma Paola Tenchini, do Sebrae.

Depois de acordar, o turista vai direto para o café da manhã. Com muitos pães, bolos típicos e chocolate quente. “Com esse friozinho, dá até mais vontade de comer”, diz Gilda Ferraz Batista, cliente.

O fluxo de turistas na região aumentou com o projeto do Sebrae. Na alta temporada, a ocupação cresceu 23%. Na baixa, o resultado foi melhor ainda: aumento de 42%. A comida é preparada em uma cozinha novinha. A empresária emprega o que aprendeu no PAS, o Programa de Alimento Seguro. Ela fez algumas mudanças na estrutura do local. Agora usa ralos que fecham e telas nas janelas, para evitar a entrada de insetos.
“Aqui no hotel, por exemplo, o hospede a qualquer momento ele pode entrar na cozinha, esses que tem bebês, crianças menores, eles geralmente entram para pedir alguma coisa, uma mamadeira, uma sopinha e a cozinha deve estar sempre adequada”, diz a empresária Norma.

Os hóspedes se divertem. As crianças jogam sinuca e assistem a um bom filme no cinema. Os adultos aproveitam para ler pertinho da lareira. “A gente tem aqui no meio dessa natureza, desse cheiro dessas flores, essa temperatura agradável de inverno, uma situação muito especial pra quem quer se dedicar um pouco a leitura”, relata o hóspede Marcelo Lourenço Fernandes.

Júlio Buschinelli também participou do projeto do Sebrae. Ele é um chefe de cozinha que saiu de São Paulo há 11 anos com o sonho de montar um restaurante no campo. “Visconde de Mauá está muito bem localizada, entre o Rio de Janeiro e São Paulo, pela Dutra, e um pouco mais distante, mas não muito mais, de Belo Horizonte. Então, se você pensar, nós estamos no centro do PIB do Brasil”, afirma o empresário.

Mais de 30 mil pessoas já experimentaram a culinária do local. O sucesso veio com uma fórmula que junta atendimento informal e receitas sofisticadas, como um carpaccio de truta.

A ideia do prato nasceu durante um festival anual de gastronomia que reúne chefes de cozinha do mundo inteiro. O evento é uma das ações apoiadas pelo Sebrae para trazer ensinamentos dos profissionais estrangeiros. “Nós trazemos chefes dessas regiões. Eles acabam trazendo mais conhecimento como manusear, preparar, temperar a truta”, diz Buschinelli.

O cardápio oferece três receitas com trutas. Elas representam 40% do faturamento do restaurante. Uma delas, a truta Visconde de Mauá, tem uma história especial. “É um prato preparado com ingredientes que os habitantes, a comunidade utiliza, a truta, uma crosta de aveia grelhado com ela, um molho de azedinha e capim limão. Azedinha é uma folha da região muito utilizada, um purê de batatas, e por fim um pedacinho de queijo de cabra que derrete só com o calor de peixe. É maravilhoso”, afirma o chef.

A receita foi criada por vários cozinheiros. E a clientela adorou o resultado da experiência. “Eu fico tentando identificar o ingrediente conhecido e não dá, é um conjunto, a obra toda aqui está maravilhosa”, diz Thiago Leite Fonseca, que experimentou o prato.

Cada freguês do restaurante gasta em média R$ 120 com uma refeição completa. “O restaurante tem pratos sofisticados, saborosos e que agrada tanto adulto quanto a crianças”, afirma Raquel da Silva Farinha, que frequenta o local.
DegradaçãoOs turistas movimentam a economia de Visconde de Mauá. Eles se divertem, o comércio fatura e todos ficam felizes. Mas a superpopulação pode degradar a região. Com o apoio do Sebrae, os empresários planejam criar uma espécie de passaporte de acesso. Haveria uma quantidade limitada de visitantes por dia.

“E esse passaporte, ele vai gerar alguns benefícios, não só para o turista, porque a gente organiza a questão da capacidade de carga (...), e também gera beneficio para as pequenas empresas que através dos recursos do passaporte poderão melhorar ainda mais a gestão do empreendimento e, principalmente, trabalhar as questões de sustentabilidade ambiental”, diz Paola, do Sebrae.




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